terça-feira, 31 de março de 2009

REMINISCÊNCIAS...

Rio Pomba chora a morte de Lola
Da Redação

VIDA DE CLAUSURA

Remanescente dos 11 filhos do casal, sr. Joaquim Dornellas da Costa e sra. Deolinda Maria de Jesus, Lola nasceu no município de Mercês aos 09 de junho de 1913 e era também a única tia e prima sobrevivente da primeira geração. Uma de suas irmãs, Cesarina, pertencia às Missionárias do S. Coração de Jesus da Congregação Cabriniana, recebendo o nome de Soror Lúcia Nazarena de Jesus. Eram ainda seus irmãos: Alcides, José, Antônio, Nominato, Dolores, Dorvina, Djanira, América e Eurico.
Optando por uma vida de isolamento há 42 anos, sustentada pela força irremovível e poderosa da Sagrada Eucaristia, Lola cercou-se somente de pessoas indispensáveis aos seus cuidados pessoais, de seus pertences e ainda sacerdotes e ministros para receber seu conforto espiritual diário. Em seu quarto conservava-se o altar do S. Coração de Jesus, com a exposição do SS. Sacramento, direito exclusivamente reservado a ela, autorizado pelo então Arcebispo de Mariana, D. Oscar, pela sua vida de acolhimento e oração. O Santo ofício da missa era ali celebrado por sacerdotes pelo menos uma vez por semana e ela sempre recebeu a Sagrada Comunhão das mãos dos ministros da Eucaristia, o saudoso Miguel Geraldo Vieira e sua esposa, Maria Aparecida (Cizinha) Chaves Vieira e sr. Severino Almeida Vieira.
Embora recolhida em seu sítio sem nenhum contato com a vida externa, Lola entregou-se fielmente ao seu mister missionário, propagando o culto ao S. Coração de Jesus com novenário, através do livro “A Grande Promessa do Sacratíssimo Coração de Jesus” e do livro de orações “Amor, Paz e Alegria”, de Pe. Dr. André Prevot (primeiro mestre de noviços da Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus), o qual era ultimamente ofertado àqueles que lhe intercediam orações, tendo algumas pessoas sido privilegiadas com a belíssima imagem de seu devoto.
Em Rio Pomba não há uma só família que não tenha alcançado alguma graça por intercessão das orações de Lola ao S. Coração de Jesus, que também expandiu sua vocação missionária, fundando na cidade o Apostolado da Oração, deixando centenas e centenas de adeptos. Devota a Maria, pertencia à Irmandade das Filhas de Maria.
Na Escritura Declaratória que fez em Cartório, datada em 6 de abril de 1998 com dados sobre sua pessoa, ela especificou que “queria continuar até o fim de sua vida terrena mantendo silêncio, sem divulgação de sua vida, sob qualquer forma, especialmente pela imprensa falada ou escrita, como um direito assegurado a todo ser humano, tanto pela lei de Deus, como pela leis dos homens”. E ainda: “que era feliz, vivia da forma que queria e que tinha direito, orando por todos, recebendo todo tipo de assistência material e espiritual por um grupo de pessoas que lhe dedicava todo carinho e afeto, de forma gratuita, uma vez que seus pais e irmãos já haviam falecido”. Acrescentando que: “queria viver em paz, carregando sua cruz, fazendo-o com muita alegria e fé no Sagrado Coração de Jesus”.
Além da assistência espiritual recebida de todos os vigários que passaram pela cidade e pelos atuais párocos, Pe. Mário Marcelo da Costa e Pe. Evaldo Bosco Zinato, Lola teve como diretor espiritual durante os últimos 13 anos, o Revdmo. Pe. Paulo Dionê Quintão, Vigário Episcopal da Arquidiocese de Mariana, radicado em Barbacena, que a assistia uma vez por semana com a celebração eucarística. O médico dr. Cláudio José Coelho Bomtempo, também daquela cidade, deu-lhe assistência permanente durante os últimos 4 anos.
Sempre queixando-se de dores nas articulações, Lola estava há 4 meses com sua saúde abalada, apresentando insuficiência respiratória e enfraquecimento, vindo a falecer às 0:40 da madrugada, ao lado da freira de Barbacena, Irmã Terezinha Miranda, que também lhe prestava todo seu carinho e assistência diária, em consequência de um choque cardiogênico, insuficiência cardíaca congestiva e sobrecarga ventricular, conforme declaração de óbito, também com o registro das patologias: paraplegia (pós-queda), osteoartrose acentuada e estenose aórtica.
É interessante relatar que 2h e 40 min. antes de sua morte, Lola teve à beira de sua cama, as presenças amigas do dr. Cláudio Bomtempo e do Revdo. Pe. Paulo Dionê, o qual celebrou a Santa Missa concedendo-lhe o conforto espiritual da Eucaristia.
Deixou testamento lavrado em Cartório e a incumbência entre aqueles que a cercavam de dar continuidade a sua obra na propagação da devoção ao Sagrado Coração de Jesus.


Seus Funerais

Despertada na sexta-feira, 9 de abril, com a dolorosa notícia do passamento de Lola, a comunidade fora imediatamente impelida à Igreja Matriz de São Manoel, onde o corpo já estava exposto desde às 7 horas da manhã para a visitação pública, ali sendo oficiadas nove celebrações eucarísticas durante todo o dia.
Cerca de 5000 devotos e curiosos passaram pelo local e estiveram em vigília durante toda a noite, revezados pelas associações religiosas e grupos de jovens, recebendo Rio Pomba caravanas das mais variadas localidades mineiras e dos estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo, inclusive presenças da mídia mineira e nacional representadas pela Rede Globo de Televisão, Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), TV Alterosa, TV Tiradentes e jornais Estado de Minas, Hoje em Dia, O Tempo, Diário Regional, e outros. Tudo acontecendo num clima de muita ordem, piedade e respeito, sob a organização de católicos voluntários, com o apoio da Polícia Militar. Pessoas de muito longe ou de localidades vizinhas congregaram-se com a comunidade riopombense em sinal de reconhecimento a Lola por graças alcançadas.
Declarado luto oficial por três dias pelo exmo. sr. prefeito Municipal, dr. Antônio Fernando Fernandes Caiafa, foram suspensas as aulas dos educandários e muitas casas comerciais paralisaram suas atividades.
A movimentação ininterrupta cresceu assustadoramente no dia seguinte e o templo de São Manoel foi pequeno para acolher os milhares de fiéis que também concentraram-se na praça em frente à igreja e ruas adjacentes, para assistir o último ofício da Santa Missa presidida pelo Revdmo. Pe. Paulo Dionê Quintão e concelebrada solenemente, sob o brilhantismo do afinadíssimo coral de São Manoel. Estiveram presentes ao ato eucarístico e exéquias da veneranda extinta, além do Vigário Episcopal, Pe. Paulo Dionê Quintão e dos párocos, Pe. Mário Marcelo da Costa (São Manoel) e Pe. Evaldo Bosco Zinato (N. S. do Rosário), que celebrou a cerimônia de encomendação, os sacerdotes: Monsenhor Miguel Falabella (Catedral – J. Fora), Cônego Maurício Saraiva (Santa Cruz – J. Fora), Pe. Luiz Duque Lima (J. Fora), Pe. Nilson Ghetti (J. Fora), Monsenhor Vicente de Paulo Penido Burnier, Pe. Geraldo Magella Dutra (J. Fora), Pe. Nicolau Caetano (J. Fora), Pe. Pedro Lamya (J. Fora), Pe. João Batista Boaventura Leite, C. SS. R. (J. Fora), Pe. José de Oliveira Valente (Alfredo de Vasconcellos), Pe. Cláudio da Silva (Rosário da Limeira), Pe. Joel Martins de Abreu (Rio das Flores, RJ), Pe. Francisco Vidal (Gov. Valadares), Pe. Alvim Valério (Barbacena), Pe. Francisco de Assis Pereira (Pará de Minas), Frei José da Cruz O.F.M. (S. João Del Rei), Pe. Antônio Firmino Lopes Lana (Ubá), Pe. Paulo Arrithi Franco (Contagem), Pe. Jorge Luís de Miranda Vieira (Divinésia), Pe. Semer Salim Oliveira (São Geraldo), Pe. Lindomar José Bragança (Ressaquinha), e diácono Antônio Rodrigues do Prado (Barbacena).
As palavras envolventes do celebrante tocaram profundamente nos fiéis e, precisamente, às 10 horas, a veneranda extinta teve sua saída triunfal do templo, sob os aplausos calorosos de todos que, com muita comoção e gestos de adeus acenavam lenços e davam passagem ao esquife conduzido nos ombros por sacerdotes até o carro de Bombeiros de Juiz de Fora, com a entoação de cânticos de louvor a Jesus e Maria.
Calculou-se o número de mais de 15.000 pessoas no cortejo fúnebre conduzido ao cemitério municipal, não comportando no recinto nem a metade da procissão. A última encomendação foi celebrada pelo Revdo. Pe. Evaldo Bosco Zinato diante do sepulcro, que revestiu-se de variados ramalhetes de flores e coroas póstumas.
As paróquias de São Manoel e de N. Senhora do Rosário celebraram na última quinta-feira, 15, às 19 horas, concorridas solenes missas de 7º dia, muito concorridas, em intenção de sua boníssima alma.
Seu passamento continua atraindo considerável número de fiéis para visitas ao seu túmulo.


Texto redigido por Carmen Lúcia por ocasião do falecimento de Lola e publicado na Edição Especial de O IMPARCIAL, de 18/Abril/1999.

terça-feira, 17 de março de 2009

Editorial - Edição Nº1 - 4 de agosto de 1918

Depois de vinte annos de ausência do jornalismo pombense, reaparece hoje “O Imparcial”, cheio de esperança e crente no auxilio de todos os filhos desta terra. “O Imparcial” reapparece no mais grave momento histórico da nossa nacionalidade; reapparece no momento em que todas as vistas se convergem para um só ponto – a guerra universal – e em que todos os corações almejam e sonham um só ideal – a Paz. O momento actual, é o momento culminante da história humana, é o momento delicadíssimo da história da Pátria em que a cada um de nós cabe a defesa da honra e da integridade nacional: E sendo assim “O Imparcial”, deixando de lado as paixões políticas, que nos conduzem sempre à borda de abysmos insondáveis e seguindo o programa traçado no primeiro número de sua primeira phase, trabalhará incessantemente em prol do engrandecimento de nosso Município, do nosso Estado e do nosso querido e sempre adorado Brazil. Fazendo reapparecer hoje “O Imparcial”, nada mais queremos, que prestar algum auxílio ao município e muito particularmente à causa pública. E o povo pombense que tão bem comprehende os impulsos pratiotícos de qualquer filho desta terra, que tão orgulhoso e desvanecido se mostra quando algum commettimento de real benefício e coroado de êxito nesta cidade, saberá devidamente apreciar e julgar o nosso esforço e os bons sentimentos que nos animaram a levar avante o reappareciment deste jornal, mormente nos tempos difficeis de agora. Como velhos lutadores da imprensa, não nos iludimos sobre as difficuldades que existem e os impecilhos que possam apparecer, entravando a nossa marcha, obstruindo o nosso caminho. Sabemos perfeitamente qua sem lucta, sem dispender grande somma de energia, sem por a prova de fogo a nossa força de vontade, a nossa tentativa se reduzirá a uma empreza mal succedida, será fatalmente um emprehendimento frustado. Não ignoramos também que a tentativa e animo resoluto de que nos achamos revestidos, não são suficientes elementos para nos conduzir à victória, para podermos resistir aos embates da sorte: temos como certo que laboriosa vida da imprensa, o maior sustentáculo com que se pode contar é realmente, com raras excepções o apoio público, o não ser que se mantenha o jornal por desabafo, por simples dilettantismo. E o balejo social, lactor decisivo e imprescindível que não falha nunca, não nos será recusado, estamos certos, dada importância do objetivo que temos em mira, a notória publica, que bem oriente a opinião publica, que combata pelos melhoramentos locaes e pelas felizes iniciativas, que denodadamente se faça echodas vozes que pugnam pelos interesses do Commercio e lavoura, tão lamentavelmente descuradas, emfim, que, sem tibieza, sem desfallecimentos mas abnegadas a patrioticamente, promova, estimule e encorage o progresso do Pomba. Assim, pois, contamos com o auxilio de todos quantos almejam o engrandecimento do nosso município.

* GERENTE – Agenor de Assis Vieira

Fatos que marcaram o passado da história do jornal

O mundo vivia o terror da primeira guerra mundial quando O IMPARCIAL ressurgiu, em sua 3ª fase, em 4 de agosto de 1918. Eis um trecho de um texto assinado pelo fundador Francisco Vieira de Siqueira: “O IMPARCIAL reaparece no mais grave momento histórico de nossa nacionalidade; reaparece no momento em que todas as vistas se convergem para um só ponto – a guerra universal – e em que todos os corações almejam e sonham um só ideal – a Paz”. Mais adiante, o jornal registrou, em 17 de novembro, o fim da primeira guerra com o memorável editorial “A Paz”, sintetizando toda emoção de um cidadão do mundo. Ainda no mês de novembro fez publicações a respeito da “Gripe Espanhola”, que assombrou o mundo e marcou profundamente a sociedade do Pomba com muitas vitimas. Além das notícias locais, o jornal noticiava as de interesse nacional, dedicando sua edição de 16 de agosto de 1928 à visita do Presidente do Estado de Minas Gerais, Dr. Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, ao município do Pomba, que retornou à cidade em 7 de junho de 1930. A partir da edição de 19 de outubro, o jornal passou a se dedicar ao registro da revolução que colocaria Getúlio Vargas no poder. Na edição de 23 de agosto, O IMPARCIAL passou a destacar a organização da festa do centenário do Decreto que elevou o Pomba à Vila em 13 de outubro de 1931. A depressão econômica americana foi o grande assunto de 1932. A bolsa de valores atingiu seu menor nível em todos os tempos no dia 28 de julho daquele ano, deixando 16 milhões de pessoas desempregadas. Ao assumir a direção de O IMPARCIAL, no ano de 1933, José de Assis Vieira deu ênfase ao Deputado Constituinte Odilon Duarte Braga, um dos grandes líderes políticos de Rio Pomba, e a cidade se preparou para homenageá-lo no dia 9 de julho, de acordo com as publicações de 16 e 23 de julho de 1933. Sob o título “O Brasil dentro da Lei”, o jornal informou em sua edição de 22 de julho a promulgação da nova Constituição Brasileira e da eleição e posse de Getúlio Vargas como o novo Presidente da República. Na edição de 29 de abril de 1945, o jornal publicou a aguardada manchete: “NOTÍCIA DE ÚLTIMA HORA! Terminou a Guerra na Europa. Intenso o regozijo e delírio do povo nesta cidade!” Na edição de 13 de maio, o jornal destacou em página inteira a vitória das Nações Unidas na Europa, e as homenagens aos expedicionários do Pomba. Em 18 de dezembro de 1948, decorridos 12 anos depois da campanha do jornal sobre a mudança do nome da cidade do Pomba para Rio Pomba, José de Assis registrou no jornal o telegrama do Deputado Último de Carvalho, com o apoio de seus pares, Deputado Dnar Mendes e Deputado Badaró Júnior: “Belo Horizonte, 11 de dezembro. Assembléia Legislativa, por proposta do Deputado Badaró Júnior, apoiada representantes nossa terra, aprovou denominação RIO POMBA esse município pt Tendo seu conceituado jornal sido autor campanha nesse sentido congratulo prezado amigo magnífica vitória causa você defendeu grande brilho. Abraços, Último de Carvalho”. O jornal registrou em 1951 a visita do Governador Juscelino Kubitschek no dia 19 de dezembro, para paraninfar a turma de 1951 do Ginásio Pombense. No dia 8 de fevereiro de 1953, o jornal voltou a registrar o retorno de JK a Rio Pomba, para participar das solenidades da Praça JK e o seu busto. Em 24 de abril de 1960, o jornal publicou a foto do presidente JK, “o dinâmico realizador de Brasília”, para saudar a inauguração da nova capital no dia 21 de abril daquele ano. Na edição de 23 de agosto de 1962, O IMPARCIAL noticiou o grande acontecimento do ano: A inauguração do Ginásio Agrícola de Rio Pomba, que teve como benfeitores o Deputado Último de Carvalho e o ex-Presidente Juscelino Kubitschek, que surpreendeu o povo riopombense com sua presença naquele festivo evento. Depois de longas campanhas para o asfaltamento da MG-131, que liga Juiz de Fora-Ubá, o jornal abriu suas páginas em junho de 1965 com a manchete “O Asfalto está chegando a esta cidade”, e, em 7 de agosto, noticiou a visita do Governador Magalhães Pinto para inaugurar o asfalto da rodovia e sua presença na cidade. O IMPARCIAL também partilhou com um dos mais importantes acontecimentos do século: a chegada do homem à Lua, no dia 20 de junho de 1969, através dos astronautas Neil Armostrong e Edwin Aldrin. Na edição de 29 de agosto de 1976, o jornal chorou a morte de Juscelino Kubitschek, que várias vezes visitou Rio Pomba. Em 1978 vibrou com o resultado das eleições dos filhos da terra, Narcélio Mendes Ferreira, que se reelegeu Deputado Estadual; e Maurício Campos, eleito para Deputado Federal. Maurício Campos, como o mais votado, foi escolhido Prefeito de Belo Horizonte, onde fez uma administração brilhante, reelegendo-se sucessivamente para Deputado Federal.
* FONTE: Cem Anos-Luz, de Roberto Nogueira

LUZ ELECTRICA - Ed. 1 - 4 de agosto de 1918

À acção patriótica na mais evidente e lidima accepção da palavra desenvolvida pelos senhores Cel. Adriano Marques Saraiva e Cel. José Mendonça dos Reis, que compoem a directoria da Companhia Pombense de Electricidade, requer com a mais clara equidade o máximo reconhecimento da parte do povo, pois o impulso que haveremos será grandíloquo trasendo-nos a viabilidade de que somos carecedores, abrindo-nos os horizontes que, cerrados, impediam o nosso evoluir em busca do progresso. Não somos optimistas, visionários desejosos de acquirirmo, impossíveis melhoramentos ao município todavia, somos crentes no patriotsmo dos pombenses que, scientes de verera o mais cruento dos obstáculos transposto, cerrando cego desdém aos incolores interesses occasionaes que empolgam toda a vida política da Nação comprehendam a magnitude e altanaria desse grande feito. Será o nosso anhelo o único desejo o progresso e grandeza deste lindo pedaço de terra brasileira. Tudo depende da boa vontade: havendo vontade tudo faremos. Organizando forças adquadas, jungidos no desejo irremovível e systhematico de caminharmos na senda do progresso, todos fitos no bem-estar geral do municipro, nossos esforços serão larga e vastamente recompensados. O eixo de todo o mechanismo industrial é irrefragavelmente a energia hydro-electrica. Está vencida a primeira etapa: não deixemol-a inaproveitada procuremos exploral-a vantajosamente. Felicitando ao minicipio e comnfiants na generalização de benefícios, concitamos aos nossos comunicipes a não deixarem esvahir uma occarião propicia para inaugurarmos uma política de grandesa e patriotismo alliada à inauguração da energia hydro-electrica.

O IMPARCIAL e sua História

Em 25 de junho de 1896 surgiu o jornal IMPARCIAL pelo simples homem do campo Francisco Vieira de Siqueira: tinha 37 centímetros de altura e 26 centímetros de largura. Era feito, página por página, num prelo primitivo que fazia uma cópia de cada vez, numa operação que demorava cerca de 7 minutos por página impressa. Hoje, essa máquina encontra-se em exposição no Museu Histórico de Rio Pomba. O tempo destruiu as primeiras edições, ficando como exemplar disponível a edição nº. 7. A primeira fase do jornal foi até maio de 1897, com a edição de cerca de 50 números. A segunda fase começou em fevereiro de 1901 e, mais uma vez, numa estranha coincidência, o exemplar mais antigo dessa fase também é o número 7, de 11 de abril. Rendendo-se às dificuldades, o proprietário fechou o jornal em 1905, mas a chama continuou acesa, pois o velho Chico nunca se deixou dominar pelo desânimo, implantando outros jornais em localidades vizinhas. Sendo um batalhador incansável, reacendeu novamente a luz em Rio Pomba e relançou na data de 4 de agosto de 1918 o jornal em sua 3º fase, acrescentando o artigo que precede o nome que prevalece até hoje, O IMPARCIAL, ao lado do filho Agenor de Assis Vieira, que o acompanhou até o ano de 1923. O velho jequitibá Francisco Vieira de Siqueira continuou a luta ao lado do outro filho, José de Assis Vieira, que assumiu a direção do jornal a partir do falecimento do pai, em 1933. A existência de José de Assis Vieira foi marcada como descendente de família sem recursos, mas batalhadora e honesta. Criado entre as tintas e os tipos, era dotado de grande sensibilidade artística, dedicando-se à arte tipográfica desde os 15 anos, com a experiência adquirida somente do curso primário e dos ensinamentos práticos de seus queridos e saudosos pais, transformando-se em exímio tipógrafo e caricaturista de valor (produzia xilogravuras com o seu próprio canivete). Ao abraçar a missão jornalística, dirigiu-o sozinho, em um período de 43 anos até o ano de 1976, ininterruptamente, quando legou à sua filha Carmen Lúcia Marini Vieira Júlio a honra de conduzir a veterana folha. José de Assis deu cunho imparcial ao seu trabalho, cumprido com abnegação e devotado amor à terra. No manuseio dos tipos e componedor em punho, fez de suas oficinas uma escola preparatória vocacional para futuras gerações que tiveram a oportunidade de iniciar seu aprendizado na arte tipográfica. Cumpriu com muita tenacidade seus serviços profissionais de tipógrafo e conduziu em circulação semanal O IMPARCIAL à custa de muitos sacrifícios e horas de vigília, através de construtivas mensagens servindo às boas causas do município e da região, promovendo o aprimoramento cultural do povo riopombense, divulgando e incentivando a expansão e o progresso de Rio Pomba, deixando uma extensa folha de serviços prestados à comunidade: “lutou com civismo pela construção do Hospital São Vicente de Paulo e do Clube dos Trinta; abriu colunas dominicais em prol da fundação do ‘Ginásio Municipal Pombense” (atual Escola Estadual Prof. José Borges de Morais); incentivou a implantação do calçamento da cidade e a instalação da Fábrica de Tecidos São Roque; deu franco e decidido apoio aos fundadores do Cine Prolar; trabalhou veementemente pela instalação do então Grupo Escolar Padre Manoel e pela criação de uma escola vocacional em Rio Pomba, a qual veio tornar-se realidade com a criação da Escola Agrotécnica Federal de Rio Pomba, hoje IFET-RP. Evitou que o Colégio Regina Coeli deixasse a cidade, mesmo depois do líder político ter desistido da luta. Trabalhou muito, de sua trincheira, pela construção e pavimentação das rodovias estaduais que cortam a cidade. Trocou telegramas com governadores e presidentes da república, sempre visando o bem-comum. Até Jânio Quadros, que ficou apenas oito meses no poder, trocou telegrama com José de Assis. Nunca pediu nada para si. Exerceu o jornalismo como um sacerdócio, nunca como um empreendimento que devia dar lucros. Através de sua inteligência, de sua conduta como homem e como jornalista, fez de seu jornal o orgulho de Rio Pomba, tornando-o o único sobrevivente da imprensa riopombense, além de desenvolver outras atividades com o seu comércio de tipografia, papelaria e livraria, ainda existentes.A partir de 1968, sua filha Carmen Lúcia Marini Vieira Júlio passou a integrar a equipe do jornal, assessorando seu progenitor em sua missão, dedicando-se paralelamente à educação como normalista diplomada pelo Colégio Regina Coeli. Foi no convívio do trabalho, ao seu lado, que soube receber e assimilar a arte da comunicação lhe transmitida com muito amor. A seu convite, decidiu abandonar a carreira do Magistério e abraçar à causa jornalística, aceitando, a partir de 15 de agosto de 1976, a responsabilidade de assumir a diretoria executiva do jornal dos riopombenses. Mantém o jornal até os dias de hoje, já no 112º ano de circulação, com uma linha editorial de completa neutralidade política, dentro das diretrizes de um jornalismo sadio em prol da cultura e civilização riopombense. O IMPARCIAL tem sido o “porta-voz” da comunidade riopombense e é considerado “patrimônio cultural do município”, porque sua história confunde com a história da cidade pela força e credibilidade de seus registros históricos, que podem ser resgatados através de suas páginas centenárias. Assim como no passado, a direção nunca negou apoio aos bons e honestos administradores e políticos, como também nunca faltou ao dever de condenar, com veemência, os erros inadmissíveis. Aplausos desinteressados, aos certos; condenação enérgica e firme, aos errados. O IMPARCIAL continuou dando apoio às grandes ou pequenas realizações que representassem benefícios para a coletividade e para o município, como: Sociedade Musical Santa Cecília; o Colégio Agrícola (hoje IFET); o Colégio Regina Coeli (intervindo novamente para sua permanência no município); o Terminal Rodoviário; o Cinema; o Museu; o Rotary Club; a Associação Comercial e Industrial; a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE); a Academia Rio-Pombense de Ciências Letras e Artes; o Distrito Industrial; a Escola Estadual Prof. José Borges de Morais; o Colégio Exitus; as entidades religiosas, sociais e filantrópicas e suas ações comunitárias, como a Associação Santa Luiza de Marillac (Asilo dos Velhos), a ARPAMA e o Conselho Tutelar da Criança e do Adolescente; além de dar cobertura às localidades adjacentes. A partir do ano do Centenário, em agosto de 1996, a diretora transformou o estilo artesanal da veterana folha em moderno sistema de impressão off-set, continuando com a linha traçada por seus antecessores como um jornal independente e apartidário, contando sempre com a colaboração de seu esposo, Maurício Ribeiro Júlio, diretor comercial da empresa, e, desde o ano 2000, com o filho Leandro Vieira Júlio, diretor administrativo.Desde o ano do Centenário fez a opção pela terceirização da impressão do jornal. Sua publicação é em formato standart (54cm X 34cm), em 6 colunas, normalmente com 6 páginas e, esporadicamente, em 8 ou 10 páginas. Em edições especiais é impresso em policromia na capa, contra-capa e miolo. Sua periodicidade passou a quinzenal (aos domingos) desde julho de 2005, com a tiragem de 2000 exemplares. O jornal é quase em sua totalidade editado pela diretora, contando com colaboradores (colunista social e cronistas). Atualmente, O IMPARCIAL é impresso na gráfica “Tribuna de Petrópolis”, daquela cidade fluminense, e sua editoração gráfica é feita na empresa W.A Editoração e Publicidade, de Juiz de Fora.Pelos serviços prestados à cultura riopombense e ao estado, O IMPARCIAL recebeu a condecoração “Medalha da Inconfidência”, conferida pelo Governo do Estado; e também o título de “Mérito Industrial”, outorgado pela FIEMG, pelo desenvolvimento da empresa no ramo de papelaria, livraria e gráfica. No ano de 2003, a diretora foi agraciada com a Comenda do Mérito Jornalístico - “Comenda Jornalista José de Assis Vieira”-, título honorífico criado pelo Legislativo Municipal, por ocasião da homenagem reverenciada ao saudoso jornalista pelo transcurso do centenário de seu nascimento. No dia 11 de julho de 2008, o jornal recebeu a homenagem da ABIGRAF-MG e da SIGEMG com a placa comemorativa aos 200 anos da indústria gráfica no Brasil, “pelo pioneirismo no jornalismo registrado em seus 112 anos de história”.Ao longo do tempo, O IMPARCIAL passou da fase primitiva, com a utilização dos tipos, componedores e chapas prensadas em sua própria tipografia, para o sistema moderno em off-set. Temos a pretensão de adquirir, futuramente, nossa própria rotativa e executar um projeto para digitalização de todo o acervo histórico do jornal por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, garantindo sua preservação através do processo de microfilmagem. Assim poderemos criar nosso site e disponibilizar, publicamente, o acervo do jornal.

* Carmen Lúcia Marini Vieira Júlio