terça-feira, 17 de março de 2009

O IMPARCIAL e sua História

Em 25 de junho de 1896 surgiu o jornal IMPARCIAL pelo simples homem do campo Francisco Vieira de Siqueira: tinha 37 centímetros de altura e 26 centímetros de largura. Era feito, página por página, num prelo primitivo que fazia uma cópia de cada vez, numa operação que demorava cerca de 7 minutos por página impressa. Hoje, essa máquina encontra-se em exposição no Museu Histórico de Rio Pomba. O tempo destruiu as primeiras edições, ficando como exemplar disponível a edição nº. 7. A primeira fase do jornal foi até maio de 1897, com a edição de cerca de 50 números. A segunda fase começou em fevereiro de 1901 e, mais uma vez, numa estranha coincidência, o exemplar mais antigo dessa fase também é o número 7, de 11 de abril. Rendendo-se às dificuldades, o proprietário fechou o jornal em 1905, mas a chama continuou acesa, pois o velho Chico nunca se deixou dominar pelo desânimo, implantando outros jornais em localidades vizinhas. Sendo um batalhador incansável, reacendeu novamente a luz em Rio Pomba e relançou na data de 4 de agosto de 1918 o jornal em sua 3º fase, acrescentando o artigo que precede o nome que prevalece até hoje, O IMPARCIAL, ao lado do filho Agenor de Assis Vieira, que o acompanhou até o ano de 1923. O velho jequitibá Francisco Vieira de Siqueira continuou a luta ao lado do outro filho, José de Assis Vieira, que assumiu a direção do jornal a partir do falecimento do pai, em 1933. A existência de José de Assis Vieira foi marcada como descendente de família sem recursos, mas batalhadora e honesta. Criado entre as tintas e os tipos, era dotado de grande sensibilidade artística, dedicando-se à arte tipográfica desde os 15 anos, com a experiência adquirida somente do curso primário e dos ensinamentos práticos de seus queridos e saudosos pais, transformando-se em exímio tipógrafo e caricaturista de valor (produzia xilogravuras com o seu próprio canivete). Ao abraçar a missão jornalística, dirigiu-o sozinho, em um período de 43 anos até o ano de 1976, ininterruptamente, quando legou à sua filha Carmen Lúcia Marini Vieira Júlio a honra de conduzir a veterana folha. José de Assis deu cunho imparcial ao seu trabalho, cumprido com abnegação e devotado amor à terra. No manuseio dos tipos e componedor em punho, fez de suas oficinas uma escola preparatória vocacional para futuras gerações que tiveram a oportunidade de iniciar seu aprendizado na arte tipográfica. Cumpriu com muita tenacidade seus serviços profissionais de tipógrafo e conduziu em circulação semanal O IMPARCIAL à custa de muitos sacrifícios e horas de vigília, através de construtivas mensagens servindo às boas causas do município e da região, promovendo o aprimoramento cultural do povo riopombense, divulgando e incentivando a expansão e o progresso de Rio Pomba, deixando uma extensa folha de serviços prestados à comunidade: “lutou com civismo pela construção do Hospital São Vicente de Paulo e do Clube dos Trinta; abriu colunas dominicais em prol da fundação do ‘Ginásio Municipal Pombense” (atual Escola Estadual Prof. José Borges de Morais); incentivou a implantação do calçamento da cidade e a instalação da Fábrica de Tecidos São Roque; deu franco e decidido apoio aos fundadores do Cine Prolar; trabalhou veementemente pela instalação do então Grupo Escolar Padre Manoel e pela criação de uma escola vocacional em Rio Pomba, a qual veio tornar-se realidade com a criação da Escola Agrotécnica Federal de Rio Pomba, hoje IFET-RP. Evitou que o Colégio Regina Coeli deixasse a cidade, mesmo depois do líder político ter desistido da luta. Trabalhou muito, de sua trincheira, pela construção e pavimentação das rodovias estaduais que cortam a cidade. Trocou telegramas com governadores e presidentes da república, sempre visando o bem-comum. Até Jânio Quadros, que ficou apenas oito meses no poder, trocou telegrama com José de Assis. Nunca pediu nada para si. Exerceu o jornalismo como um sacerdócio, nunca como um empreendimento que devia dar lucros. Através de sua inteligência, de sua conduta como homem e como jornalista, fez de seu jornal o orgulho de Rio Pomba, tornando-o o único sobrevivente da imprensa riopombense, além de desenvolver outras atividades com o seu comércio de tipografia, papelaria e livraria, ainda existentes.A partir de 1968, sua filha Carmen Lúcia Marini Vieira Júlio passou a integrar a equipe do jornal, assessorando seu progenitor em sua missão, dedicando-se paralelamente à educação como normalista diplomada pelo Colégio Regina Coeli. Foi no convívio do trabalho, ao seu lado, que soube receber e assimilar a arte da comunicação lhe transmitida com muito amor. A seu convite, decidiu abandonar a carreira do Magistério e abraçar à causa jornalística, aceitando, a partir de 15 de agosto de 1976, a responsabilidade de assumir a diretoria executiva do jornal dos riopombenses. Mantém o jornal até os dias de hoje, já no 112º ano de circulação, com uma linha editorial de completa neutralidade política, dentro das diretrizes de um jornalismo sadio em prol da cultura e civilização riopombense. O IMPARCIAL tem sido o “porta-voz” da comunidade riopombense e é considerado “patrimônio cultural do município”, porque sua história confunde com a história da cidade pela força e credibilidade de seus registros históricos, que podem ser resgatados através de suas páginas centenárias. Assim como no passado, a direção nunca negou apoio aos bons e honestos administradores e políticos, como também nunca faltou ao dever de condenar, com veemência, os erros inadmissíveis. Aplausos desinteressados, aos certos; condenação enérgica e firme, aos errados. O IMPARCIAL continuou dando apoio às grandes ou pequenas realizações que representassem benefícios para a coletividade e para o município, como: Sociedade Musical Santa Cecília; o Colégio Agrícola (hoje IFET); o Colégio Regina Coeli (intervindo novamente para sua permanência no município); o Terminal Rodoviário; o Cinema; o Museu; o Rotary Club; a Associação Comercial e Industrial; a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE); a Academia Rio-Pombense de Ciências Letras e Artes; o Distrito Industrial; a Escola Estadual Prof. José Borges de Morais; o Colégio Exitus; as entidades religiosas, sociais e filantrópicas e suas ações comunitárias, como a Associação Santa Luiza de Marillac (Asilo dos Velhos), a ARPAMA e o Conselho Tutelar da Criança e do Adolescente; além de dar cobertura às localidades adjacentes. A partir do ano do Centenário, em agosto de 1996, a diretora transformou o estilo artesanal da veterana folha em moderno sistema de impressão off-set, continuando com a linha traçada por seus antecessores como um jornal independente e apartidário, contando sempre com a colaboração de seu esposo, Maurício Ribeiro Júlio, diretor comercial da empresa, e, desde o ano 2000, com o filho Leandro Vieira Júlio, diretor administrativo.Desde o ano do Centenário fez a opção pela terceirização da impressão do jornal. Sua publicação é em formato standart (54cm X 34cm), em 6 colunas, normalmente com 6 páginas e, esporadicamente, em 8 ou 10 páginas. Em edições especiais é impresso em policromia na capa, contra-capa e miolo. Sua periodicidade passou a quinzenal (aos domingos) desde julho de 2005, com a tiragem de 2000 exemplares. O jornal é quase em sua totalidade editado pela diretora, contando com colaboradores (colunista social e cronistas). Atualmente, O IMPARCIAL é impresso na gráfica “Tribuna de Petrópolis”, daquela cidade fluminense, e sua editoração gráfica é feita na empresa W.A Editoração e Publicidade, de Juiz de Fora.Pelos serviços prestados à cultura riopombense e ao estado, O IMPARCIAL recebeu a condecoração “Medalha da Inconfidência”, conferida pelo Governo do Estado; e também o título de “Mérito Industrial”, outorgado pela FIEMG, pelo desenvolvimento da empresa no ramo de papelaria, livraria e gráfica. No ano de 2003, a diretora foi agraciada com a Comenda do Mérito Jornalístico - “Comenda Jornalista José de Assis Vieira”-, título honorífico criado pelo Legislativo Municipal, por ocasião da homenagem reverenciada ao saudoso jornalista pelo transcurso do centenário de seu nascimento. No dia 11 de julho de 2008, o jornal recebeu a homenagem da ABIGRAF-MG e da SIGEMG com a placa comemorativa aos 200 anos da indústria gráfica no Brasil, “pelo pioneirismo no jornalismo registrado em seus 112 anos de história”.Ao longo do tempo, O IMPARCIAL passou da fase primitiva, com a utilização dos tipos, componedores e chapas prensadas em sua própria tipografia, para o sistema moderno em off-set. Temos a pretensão de adquirir, futuramente, nossa própria rotativa e executar um projeto para digitalização de todo o acervo histórico do jornal por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, garantindo sua preservação através do processo de microfilmagem. Assim poderemos criar nosso site e disponibilizar, publicamente, o acervo do jornal.

* Carmen Lúcia Marini Vieira Júlio

4 comentários:

  1. Parabéns pela iniciativa de se divulgar O Imparcial de Rio Pomba na Internet. Novos tempos, nova linguagem aberta ao mundo. Divulguemos o nosso acervo cultural com o brilhantismo que ele merece; é um orgulho ter um dos mais antigos e históricos meio de comunicação, cada vez mais accessível.
    Valéria Áureo

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  2. Parabéns ao povo de Rio Pomba por mais esta iniciativa e investida do jornal O IMPARCIAL.


    Adriana Julio Ribeiro Netto
    05/04/09

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  3. É incrível que uma tese da magnitude de Lola seja sombreada por situações jurídicas, mundanas, temporais; questões de cunho meramente materialistas que se restringem ao humano, quando nos bastaria saber que a rosa é a rosa, é a rosa... Pois é a grandeza de si mesma, a rosa, a existência dela em sua total dimensão, o que enaltece a cidade de Rio Pomba. Ela enche de orgulho os seus habitantes, abençoados com a honra de tê-la como distinguida espécie entre as demais. Será que nós, tão insignificantes diante dela, nos damos conta de quanto a tese de sua existência é maior? O que se espera para se restituir o jardim à flor?
    Não há como compreender o fenômeno Lola, se não há o que ser explicado: deve-se simplesmente acolher no peito como graça, a honrosa permanência dela entre nós. É mais natural... E é tão fácil aceitar que as flores nascem simplesmente... Nós, entre tantos, que fomos agraciados com as suas benesses, suas orações, sua presença que tanto dignificou nossa cidade, não temos como questionar o sagrado de sua mortificação terrena. Basta lembrar que o que emanou de si persiste nos corações dessa cidade distinguida entre as demais; ela ainda é uma luz que irradia de 1911 até os dias atuais. Não há o que possa fazer desacreditar os que foram engrandecidos por suas orações e sacrifícios. Apenas respeitosamente depositar em vasos as flores colhidas de suas mãos. Tomo as palavras de Cecília Meireles para falar para quem não reverencia o sagrado nem lhe percebe o bálsamo:
    “Não te aflijas com a pétala que voa:
    também é ser, deixar de ser assim.
    Rosas verás, só de cinzas franzida,
    mortas, intactas pelo teu jardim.
    Eu deixo aroma até nos meus espinhos
    ao longe, o vento vai falando de mim.
    E por perder-me é que vão me lembrando,
    por desfolhar-me é que não tenho fim”.


    Valéria Áureo

    Publicado em O Imparcial de Rio Pomba



    Publicado em O Imparcial de Rio Pomba

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  4. "O IMPARCIAL" É O REGISTRO HISTÓRICO DOS FATOS OCORRIDOS EM RIO POMBA, VALORIZÁ-LO É MUITO IMPORTANTE PARA A CULTURA DOS BRASILEIROS.

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